Amália Rodrigues em África
Amália Rodrigues (1920-1999) foi responsável pela popularização do fado em seu país e nas colônias...
Gilberto Freyre foi um dos intelectuais brasileiros mais conhecidos na cena internacional. Sua principal obra Casa-grande & senzala (1933) foi traduzida em vários países. No seu quinquagésimo aniversário a obra apresentava 23 edições em português (21 brasileiras e duas portuguesas), 14 francesas, três espanholas, três em inglês, duas em alemão e uma em italiano.1 Em 2013, ao completar 80 anos, a obra chegava à sua 52a edição. Polêmico em seus escritos, seu autor foi considerado um inovador por introduzir uma escrita sem pudores para tratar da vida privada das famílias de produtores rurais da região Nordeste nos tempos da escravidão e, a partir dessas relações, elaborar uma interpretação da formação da sociedade brasileira exaltando a sociedade mestiça.
Em um primeiro momento, Freyre foi apreciado, de modo geral, como iconoclasta e progressista por se inspirar no culturalismo de Franz Boas para refutar a tese de hierarquia das raças. Também valorizou a mestiçagem do povo brasileiro em um tempo onde os preceitos eugênicos do chamado “racismo científico” vigoravam no ocidente. Foi saudado por historiadores, com destaque para os franceses Fernand Braudel e Lucien Febvre que o viam como “o grande e historiador e sociólogo do Brasil.”2
A circulação internacional de Gilberto Freyre desde a sua formação nos EUA, bem como a elaboração e concepção da sua principal obra, Casa-grande & senzala, escrita parcialmente em Portugal durante um exílio político nos anos 1930, e a consequente circularidade da recepção fora do Brasil, marcaram o DNA transnacional de um autor que foi considerado tanto no Brasil como no estrangeiro como um dos principais intérpretes do Brasil e um interlocutor que gozava de espaços privilegiados em fóruns internacionais. A rede de sociabilidade intelectual construída com professores, intelectuais e políticos de diferentes nacionalidades é um indício importante para se compreender porque, durante tantos anos, as ideias de Gilberto Freyre influenciaram direta ou indiretamente a construção da imagem do Brasil, principalmente no exterior.
Dessa forma, estudar a circulação e a recepção de sua obra em uma perspectiva transnacional permite-nos conhecer diferentes apropriações e recepções dos que leram e comentaram a obra em consonância com aspectos históricos e políticos dos espaços de acolhida. Sob esse viés, estudar a recepção de Casa-grande & senzala, seu principal trabalho, é fazer a seguinte pergunta: De que modo uma obra navega por diferentes cenários e interage com expectativas, anseios e dilemas da geopolítica e da cultura internacionais? Neste caso, não se trata de observar os efeitos da obra, ou uma recepção por vias quantitativas, mas deslindar sua historicidade na medida em que um mesmo texto responde às necessidades do público com o qual dialoga em épocas distintas e em espaços de acolhida diferentes.
Para uma melhor compreensão da circulação internacional de sua obra mais discutida e traduzida tomemos como objetivo do presente texto a recepção de Casa-grande & senzala nos dois lados do Atlântico, em diferentes países: dos EUA à França, bem como Portugal, Guiné e Cabo-Verde.
A relação de Freyre com os Estados Unidos começa com a sua viagem em 1918, cujo propósito era formar-se bacharel de artes em Baylor. Após a obtenção do diploma, seguiu para a Universidade de Columbia, em Nova York, por intermédio de seu mentor e amigo, o diplomata Manuel de Oliveira Lima. Foi Lima quem o convenceu a estudar a história e a sociedade brasileiras. Na universidade norte-americana, teve a oportunidade de estudar com o antropólogo Franz Boas.
Ao mergulhar no culturalismo de Boas, Freyre assume a centralidade da questão racial para compreender o Brasil. Estudar a miscigenação brasileira tornava-se uma missão: “Era como se tudo dependesse de mim e dos de minha geração; da nossa maneira de resolver questões seculares. E dos problemas brasileiros nenhum que me inquietasse tanto como o da miscigenação.”3
A rede de sociabilidade com professores e colegas com interesses de pesquisas voltados para o Brasil não foi menos importante. Um exemplo é a sua relação com Rudiger Bilden. O jovem estudante alemão e colega de Freyre em Columbia, realizara uma viagem para o Brasil, em 1926, por meio de uma bolsa oferecida pela universidade norte-americana. Grande parte de suas conclusões foram publicadas em um artigo publicado dois anos depois : “Brazil, a laboratory of civilization”. Em seu ensaio, o jovem alemão separava os conceitos de raça e cultura para explicar a problemática social do Brasil alegando que, para enfrentar os problemas brasileiros era necessária “uma explicação histórica e não biológica, cultural e não racial.”4
O estudo da história social focada em aspectos culturais e comportamentais vai ser uma das principais características da escrita de Freyre em sua dissertação do mestrado, defendida em Columbia, em 1922, um ano antes de regressar ao Brasil. Com o título “Social life in Brazil in the middle of the 19th century” foi publicada inicialmente na The Hispanic American Historical Review. O objetivo das 33 páginas da dissertação, a qual guardava o gérmen das principais questões de Casa-grande & senzala, consistia em contar a história cotidiana das famílias de proprietários rurais da região Nordeste do Brasil. Certamente inspirado pela leitura de “American Negro Slave”(1918) de Ulrich Philips, polêmico historiador que escrevera uma história épica dos proprietários de escravos do Old South norteamericano destacando as relações familiares com os escravos nas “ Big Houses”. Para Freyre o Nordeste era muito semelhante aos Sul dos EUA no modo como se processavam as relações senhoriais com os escravos, inclusive no que se refere a uma suposta brandura dessas relações.
Finalmente Casa-grande & senzala foi publicada, em 1933, e não foram poucos os debates e repercussão em torno da obra. Ao longo dos anos 1930 e 1940, o livro passou a ser referência para os brasilianistas que se dedicavam a estudar a formação social brasileira e os estudos sobre raça.
Antes de ser traduzido para o inglês, o trabalho de Freyre é tema de uma pequena biografia escrita por Lewis Hanke, um preeminente historiador americano, especialista da História da América Latina colonial e organizador do Handbook of LatinAmerican Studies. O texto foi publicado em 1939, pelo Instituto de las Españas en los Estados Unidos.
Ao longo das primeiras páginas da biografia, Hanke mostra o contraponto de Casa-grande & senzala às teorias raciais e eugênicas da época. Em seu texto, o professor americano reproduz para o leitor a clássica tese freyriana de que a mistura biológica no Brasil, operada pelo colonizador português, ocorreu de forma amistosa,o que permitiu que, no Brasil, ocorresse uma “democracia social baseada en un mestiçagem.”5 No entanto, o diretor da Library of Congress não estava muito convencido das teses de Freyre, principalmente a de que a mestiçagem geraria uma “raza nueva y más fuerte”. Apesar das suas reticências com as generalizações “impetuosas” do sociólogo brasileiro sobre os problemas raciais, Hanke destacava o peso político de suas ideias no enfrentamento dos problemas que despontavam no horizonte político do final dos anos 1930:
“Lo cierto es que la doctrina de Freyre está cargada de dinamita política y que tiene una relación definida com algunos de los más graves problemas políticos del Brasil en este momento.El peligro de que los brasileños se dejen gañar por las ideologias fascista o nazi has recebido, no hace mucho, atención importante por parte de la prensa norteamericana y, si tenemos en cuenta la facilidade con que en el Brasil prenden los movimentos intelectuales extranjeros, este peligro no es puramente una posibilidad teórica.”6
Hanke insere a obra de Freyre no horizonte de expectativas dos leitores norte-americanos naqueles idos de 1938. Praticamente às vésperas da Segunda Guerra Mundial, os EUA viam com preocupação e desconfiança o crescimento das ideologias nazi-fascistas na Europa e as respectivas simpatias dos governos latino-americanos com estes países.Os escritos de Freyre adquiriam um papel político importante como texto antirracista e antieugênico, sobretudo pela sua representatividade como intelectual próximo dos EUA.
Assim como farão os franceses mais tarde, Hanke diminui a importância de algumas incongruências e inconsistências da obra do autor de Casa-grande & senzala em favor da importância política das questões trazidas pelo sociólogo brasileiro. Como veremos mais adiante, a defesa da mestiçagem em tempos onde imperavam teorias eugênicas e de superioridade de raças era mais importante para aqueles intelectuais, que os problemas ou contradições conceituais da obra.
A pedido de Freyre, Hanke traduz, em 1954, um texto que foi publicado no Jornal of Negro Education. Com o título “Brazil and the internacional crisis”, o sociólogo brasileiro apresentava aos leitores a sua compreensão sobre a diferença entre ser negro, respectivamente, no Brasil e nos Estados Unidos: “For Brazil has no ‘African minority’ but Brazilians of various origins[...].”7 Em outra parte do texto, afirmava que a miscigenação e as possibilidades de ascenção social do mulatto “did not permit the development of that Brasil consciouness of being a Negro which exists in the United States.”8
Freyre se beneficiava de um momento de formação e consolidação das chamadas area studies nos EUA. Como afirma Hanke, o período de 1939 a 1945 “saw a unprecedent expansion of Latin American Studies in the United States.”9 Iniciativas governamentais e privadas se empenharam em financiar projetos, intercâmbios e publicações de scholars latino-americanos. A guerra do outro lado do Atlântico prejudicava e impedia a circulação de professores para a Europa, levando-os inevitavelmente a transitar entre as Américas. Com a Europa fora da cena universitária, era a vez de se estreitarem os laços com a América Latina.
No seu Annual Report de 1940, a Fundação Rockfeller chamava atenção para a necessidade de se estabelecerem métodos de investigação para se ter uma “more intelligent understanding of the cultural life of Latin America.”10 Nesse contexto o Brasil, importante aliado político dos EUA, despertava o interesse de pesquisadores e instituições como uma área de importância estratégica não apenas em razão dos aspectos políticos mas devido ao seu tamanho, recursos e proximidade com a África Ocidental.11
No mesmo sentido, a obra de Freyre, antes mesmo de ser traduzida, despertou também o interesse de lideranças intelectuais negras. Um exemplo é o texto de James W.Ivy, colaborador e futuro editor da The Crisis, revista fundada por W.E.B. Dubois nos anos 1910. Em 1938, oito anos antes da publicação em inglês de Casa-grande & senzala, Ivy escreve uma resenha na qual apresenta Freyre aos leitores da revista com destaque para as principais teses do sociólogo brasileiro. No mesmo texto, Ivy relativiza as críticas que o autor brasileiro recebia no Brasil devido a uma escrita considerada pouco científica, sublinhando, ao invés disso, o apreço que a obra ganhava em outras partes do mundo: “Freyre has of course, been severely criticized by his Brazilian colleagues for his anecdotica and “lack of seriouness”, but along with the criticism has gone the fulsome praise of scholars in other parts of the world.”12
Para reforçar o mérito de Freyre aos seus leitores Ivy cita Richard Pattee, um conhecido especialista acerca da temática do negro na América Latina, diretor do Instituto Ibero-americano da Universidade de Porto-Rico e um colaborador assíduo da The Crisis, quando este considera que Casa-grande & senzala é “one of the most extraordinary studies of the Negro in modern times.”13
Nesse cenário, destaca-se o conjunto de conferências proferidas por Freyre na Universidade de Indiana em 1944.O objetivo era apresentar ao público universitário norte-americano um inventário histórico-social do ethnic melting pot of Brazil. No ano seguinte, as conferências se transformaram na publicação intitulada Brazil, an interpretation (1945). A obra é um resumo das principais teses presentes em Casa-grande & senzala, citada pelo historiador Frank Tannenbaum como uma de suas inspirações para sua obra Slave and citizen: The negro in the Américas, de 1946. No mesmo ano em que a obra de Tannenbaum chegava às livrarias, Casa-grande & senzala era publicada em inglês (The masters and the slaves) e Brazil, an interpretation recebia sua segunda edição.
Para os leitores americanos, os escritos de Freyre pressupunham a ideia de um Brasil que, apesar de um passado escravocrata semelhante aos dos Estados Unidos, não apresentava extremismos ou polarizações de ordem racial. Um exemplo dessa leitura da obra do sociólogo brasileiro pode ser observado nas palavras de Glenn Morrow, professor de filosofia na Universidade da Pensylvania, em um artigo publicado em 1951 acerca de Freyre:
"The thesis of this communication is one which, though apparently involving merely a local question of Brazilian culture, really involves one of the major world-problems of our time. Whether or not the native American and African peoples in Brazil have genuine contributions to make to the development of Brazilian culture, and whether if so they will be allowed to make them, or will be suppressed in favor of the dominant European tradition, is a local example of the world-wide problem of inter-cultural and interracial relations."14
A circulação dos escritos e conferências do sociólogo brasileiro nos EUA abriram portas para que suas ideias fossem recebidas na Europa por meio da participação em fóruns da Unesco. Nos seus primeiros anos, a organização foi fortemente influenciada por intelectuais que ensinaram ou estudaram em universidades norte-americanas. Um exemplo é o professor de psicologia Hadley Cantril que organizou um encontro em 1948, no âmbito do projeto Tension Affecting International Understanding, aprovado durante a 2a Assembleia da ONU. O evento, cujo título era Tensions that cause wars, reuniu oito experts das ciências sociais e humanas, de diferentes partes do mundo, para discutirem as razões dos “nacionalismos agressivos”. Entre os participantes estava próprio Freyre, Georges Gurvith, Gordon Alport, Mark Horkheimer e outros.
A participação de Freyre no chamado Tensions Project incrementou sua rede de sociabilidade na França, pois foi nesta ocasião que o autor de Casa-grande & senzala conheceu pessoalmente o sociólogo Georges Gurvitch, o qual se tornou, posteriormente, um dos principais articuladores e entusiastas da tradução e publicação da obra de Freyre em terras francesas. Durante o seu exílio nos Estados Unidos (1941-45) o sociólogo de origem russa naturalizado francês, trabalhou na New School for Social Research e participou da fundação da École Libre des Hautes Études em New York. Em 1947 foi convidado para ensinar na Universidade de São Paulo, retornando para a França no ano seguinte.
Em suas cartas dirigidas à Freyre, Gurvitch relata seus esforços para viabilizar a publicação da obra do amigo brasileiro pela editora Gallimard, bem como narra seus contatos com o editor da coleção La Croix du Sud Roger Caillois. Nos anos subsequentes, Gurvitch tentou articular a eleição de Freyre para doutor Honoris Causa na Sorbonne e organizou, juntamente com Roger Bastide, Lucien Febvre e Fernand Braudel, um colóquio dedicado inteiramente à obra do sociólogo brasileiro.
Com o título Gilberto Freyre: Maître de la sociologie brésilienne o evento, coordenado por Henri Gouthier, ocorreu em 1956 no Castelo de Cerisy-la-Salle e contou com a participação de intelectuais como Leon Bourdon, Roger Bastide, Jean Duvignaud, Clara Malraux, Michel Simon (Miguel Simões) e o angolano Mário Pinto de Andrade, então estudante da Sorbonne e redator da revista Présence africaine criada por Aliounne Diop.
A recepção francesa foi considerada por Freyre como a mais acolhedora. Em um dos seus prefácios à segunda edição em português da sua obra Sociologia, declarava que sua obra na França vinha obtendo “a melhor compreensão e a crítica mais penetrante a que poderia aspirar um ensaio do seu tipo em qualquer língua.”15. Em um outro artigo publicado no jornal O Cruzeiro, Freyre elogiava a acolhida do historiador Lucien Febvre e a conexão entre os seus trabalhos:
“L’initiative est venue de lui de me recevoir de façon exceptionnellement affectueuse. Cela pour avoir découvert dans mes travaux – disait le Professeur Febvre – des affinités de nature historico-sociologique avec les travaux que Marc Bloch et lui-même avaient mis en valeur en France.”16
Freyre foi recebido de maneira entusiástica por personalidades do mundo intelectual francês como Georges Balandier, Jean Duvignaud, Georges Gurvith, Fernand Braudel, entre outros. Traduzida por Roger Bastide e com prefácio de Lucien Febvre, no ano de sua publicação, em 1952, Maîtres et Esclaves (tradução do título em francês) recebeu duas edições. Entre 1952 et 1974, a obra foi reeditada 11 vezes na mesma coleção.
Para que se entenda as particularidades da recepção francesa, ou, em outras palavras, como a obra de Freyre chegou ao conhecimento do público francês e porque sua publicação despertou interesse, é possível elencar alguns acontecimentos que facilitaram a inserção e a discussão da obra do autor brasileiro na França, entre os quais destacam-se: a constituição de uma rede de sociabilidade intelectual mantida por Freyre e professores que compuseram a missão francesa nas universidades brasileiras nos anos 1930; a criação da Unesco no pós-Segunda Guerra e a crise do colonialismo tardio na África.
No início dos anos 1930, o intercâmbio de professores franceses no Brasil se intensificou quando foram fundadas as Universidades de São Paulo (USP) e a do Distrito Federal (Rio de Janeiro). Por meio de missões de cooperação científica entre os dois países, professores franceses foram lecionar nas recém-fundadas universidades entre 1934 e 1940.
A Universidade de São Paulo, por exemplo, recebeu professores como Fernand Braudel, Pierre Monbeig, Lévi-Strauss entre outros. Braudel era um professor de um liceu na Argélia quando foi para o Brasil em 1935. Durante o tempo em que esteve no em terras brasileiras, o jovem historiador teve contato com os escritos do sociólogo brasileiro que na época já era conhecido internacionalmente. Alguns anos depois, em uma carta dirigida à Freyre, o historiador francês revelava ser um leitor atento dos seus trabalhos.17
Quando voltou para a França em 1937, Braudel empenhou-se em escrever a sua tese sobre o Mediterrâneo e construir sua carreira universitária. Durante a Segunda Guerra Mundial foi preso pelos alemães em um campo de concentração. Nesse tempo, escreveu, por sugestão de seu orientador Lucien Febvre, um longo artigo sobre a obra de Gilberto Freyre que foi publicado em 1943 nos Annales, à época chamado de Mélanges d´Histoire Sociale. No seu artigo intitulado À travers un continent d´histoire, le Brésil et l’oeuvre de Gilberto Freyre 18 o futuro autor de O Mediterrâneo concluía que Casa-grande & senzala era a obra que melhor atraía o interesse pelo passado brasileiro.
A missão de cooperação francesa no Brasil também aproximou o sociólogo Roger Bastide dos trabalhos de Freyre. Desde a sua chegada como professor da Universidade de São Paulo (USP), o sociólogo francês acompanhava a produção intelectual do autor de Casa-grande & senzala. Em sua correspondência com Freyre Bastide pedia sugestões de livros e discutia suas publicações.
No campo metodológico, ao contrário das críticas que recebia dos sociólogos da USP, os quais se pautavam na sociologia científica de inspiração norte-americana, os escritos de Freyre, na França, eram considerados originais, uma espécie de sociologia da vida cotidiana. Em uma resenha publicada nos Cahiers Internationaux de Sociologie, o antropólogo Georges Balandier destacava que a obra de Freyre “révèle incontestablement un souci de se situer hors des catégories usuelles (...); un souci d’échapper à tout conformisme scolaire.”19
Para os autores que escreveram sobre Casa-grande & senzala no meio intelectual francês, a obra do sociólogo brasileiro seria uma contribuição para uma escrita mais “mestiça”, por assim dizer. Da mesma forma que Freyre defendia a mistura de raças, também apresentava seus trabalhos como frutos de uma sociologia híbrida, fronteiriça. Em tempos onde o saber sociológico se especializava e onde a influência da sociometria norte-americana se fazia presente, a obra de Freyre servia de contraponto, ao menos na França dos anos 1940, sendo utilizada como exemplo por alguns autores mais heterodoxos no trato da disciplina tais como Georges Gurvith, Jean Duvignaud e, em certa medida, Roger Bastide . Em outras palavras, a leitura da obra de Freyre fornecia elementos que tinham aderência tanto nas discussões e disputas científicas daquela conjuntura quanto nas discussões de ordem política relacionadas ao colonialismo e às questões raciais.
Na mesma época em que Casa-grande & senzala (Maîtres et esclaves) aprecia nas livrarias francesas, uma série de textos e publicações, promovidas pela Organização das Nações Unidas, passaram a compor uma nova biblioteca das relações raciais no ocidente. Textos anteriores foram recuperados e seus autores passaram a adquirir um status renovado. Entre eles encontrava-se Gilberto Freyre. O culturalismo boasiano presente em seus escritos, revestia-o de um rótulo de intelectual precursor em um momento onde o discurso antirracista estava na ordem do dia. Na esteira da valorização da mestiçagem, Roland Barthes, em uma breve resenha escrita em 1953, conferia à Freyre a qualidade de militante antirracista:
“Enfin, si l’on veut bien songer à l’effroyable mystification qu’a toujours constitué le concept de race, aux mesonges et aux crimes que ce mot, ici et là, n’a pas encore fini de autoriser, on reconnaîtra que ce livre de science et intelligence est aussi un livre de courage et de combat. Introduire l’explication dans le mythe, c’est pour l’intellectuel la seule façon efficace de militer.” 20
Os comentadores franceses em particular, e europeus de modo geral, enquadravam o Brasil em uma projeção utópica de encontro de raças como contraponto positivo ao segregacionismo observado nos EUA e ao apartheid na África do Sul. Em seu prefácio, Lucien Febvre declara com aparente entusiasmo: “Grande leçon de cette histoire brésilienne telle que la met sous nous yeux Gilberto Freyre. Elle est toute entière une immense expérience, une expérience privilégiée de fusion de races, d´échanges de civilisations.”21A ideia de êxito na mistura entre as raças defendida pelo intelectual brasileiro exercia tanta influência na construção da imagem do Brasil, que a Unesco resolveu apoiar um projeto sobre relações raciais no país, com participação de Roger Bastide, Charles Wagley, René Ribeiro entre outros. Em linhas gerais, o intuito consistia em observar se a ideia de uma harmonia racial era cientificamente válida, afinal “several incidents, and some angry statements made by Negro organizations, suggest that social relations were not as harmonious as many Brazilians and foreigners liked to believe.”22
Os estudos de caso derivados do projeto reuniram um vasto material empírico que desconstruía a ideia de uma harmonia racial presente na sociedade brasileira, embora isso não impedisse a compreensão de que o país era um “caso diferenciado” em relação a outras formas de racismo no mundo. Essa ideia se sustentou durante a primeira metade da década de 1950, perdendo força a partir dos anos 1960, como veremos mais adiante.
Ainda nesta primeira metade do anos 1950, quando o Brasil gozava a simpatia internacional pela imagem de harmonia racial, Freyre foi convidado para elaborar um estudo sobre a situação racial na África do Sul, cujo relatório foi apresentado na Assembleia Geral da ONU e publicado em 1954, com o título Elimination des conflits et tensions entre les races. No relatório apresentado às Nações Unidas, o sociólogo brasileiro afirma a sua tese lusotropical que diferenciava o modelo ibérico de colonização dos demais modelos belga, inglês ou holandês, os quais assentavam-se na discriminação racial. Na conclusão redigida pelo autor de Brazil: un interpretation, a solução para o problema sul-africano seria uma mudança de costumes a partir do exemplo latino-americano.23
Além das redes intelectuais, do interesse pelo tema da mestiçagem, que outra razão levaria um leitor francês dos primeiros anos pós-guerra a se interessar por um livro sobre o Brasil escrito nos anos 1930 sobre história e culturas brasileiras? É talvez Lucien Febvre novamente quem melhor responda a essa questão. Ainda em seu prefácio à tradução de Casa-grande & senzala, em 1952, o historiador francês chama a atenção para a questão colonial vivenciada pela França nos idos de 1952, ao destacar que a importância da obra de Freyre consistia em pensar essa questão.
Em um artigo publicado na revista Population, o sociólogo Jean Séguy concluía, em 1953, que os escritos de Freyre “nous expliquent comment ce pays a échappé à la ségrégation et à ses problèmes”24. O exemplo do Brasil consistiria em ser a demonstração de que, mesmo tendo estado historicamente sob dominação colonial, a sociedade brasileira conseguira romper a segregação racial e miscigenar-se. Esse suposto modelo exemplar parecia oportuno em um momento no qual as principais potências europeias que se empenhavam em combater o racismo eram, ao mesmo tempo, detentoras de colônias e protetorados. Era possível defender um discurso antirracista e ser, ao mesmo tempo colonialista? Essa pergunta parecia encontrar reposta no Brasil de Gilberto Freyre.
É sob esse viés que o prefácio francês de Casa-grande & senzala se torna sintoma das inquietudes e expectativas vivenciadas por uma parte dos intelectuais franceses diante da crise do colonialismo e a “sorte da civilização branca na África”25. Enquanto o anticolonialismo na França, não fosse majoritário, a obra de Freyre parecia fornecer uma alternativa que possibilitava a manutenção do sistema colonial sob um critério dito “humanista”, uma espécie de colonialismo esclarecido26 ou reformista que contivesse ou, ao menos, retardasse os conflitos e as rupturas coloniais. Essa crença, porém, não durou muito tempo pois com a guerra da Argélia em 1954, a Conferência de Bandung, em 1955, a crise do Marrocos e Tunísia, em 1956, o movimento anticolonialista se ampliou e adquiriu novas e abrangentes adesões a exemplo do Manifesto dos 121 também conhecido como a Declaração sobre o Direito à insubmissão na guerra da Argélia, assinada por intelectuais e escritores a exemplo de Jean-Paul Sartre, Marguerite Duras, Michel Leiris e outros.
É em meio aos anseios europeus de manutenção de suas colônias e protetorados que a recepção dos escritos de Freyre foi abraçada pelo Estado Novo português nos anos pós-Segunda Guerra. Essa acolhida representava uma mudança no modo como até então o governo de Salazar se posicionava acerca dos escritos do intelectual brasileiro. A princípio, nos primeiros anos após a publicação de Casa-grande & senzala, as ideias do autor sobre Portugal não foram muito bem aceitas pelo governo português.
Embora Freyre tivesse dedicado várias páginas a discorrer sobre o mundo que o português criou, título inclusive de um conjunto de conferências realizadas nas universidades de Lisboa, Porto e Coimbra no final dos anos 1930, a imagem do colonizador português, retratado pelo autor como supostamente propenso à miscigenação, era explicada em razão da sua formação étnica híbrida, resultado da mistura de vários povos, dentre os quais árabes e africanos. Para Freyre, a herança islâmica do português explicaria a sua característica assimilatória, sem vocação etnocêntrica.
Em um mundo marcado por ditaduras eugênicas, não parecia muito interessante para o português ser apresentado como um povo “indefinido entre a Europa e a África”, com “um Algarve que é quase África, com um Alentejo ainda semimouro.”27 Porém, no pós-Segunda Guerra, quando se mudaram as peças do tabuleiro da geopolítica internacional, o tratamento sobre a questão racial e a mestiçagem foram radicalmente ressignificados.
Sob um cenário no qual os países ligados às Nações Unidas ou os que pretendiam filiar-se à Instituição, teriam que equilibrar suas possessões coloniais com discursos de assimilação e mestiçagem, Portugal encontrava, na obra de Freyre, um discurso intelectual que autorizava e conciliava a existência de territórios coloniais com discursos humanistas, sob a tutela de um intelectual que detinha prestígio em fóruns internacionais.
A adesão às teses do renomado sociólogo brasileiro seria uma boa saída para defender o discurso do colonialismo português, desta vez sob um verniz positivo, na medida em que supunha que a colonização portuguesa era distinta do colonialismo belga ou britânico, pois os portugueses, pela sua experiência em terras tropicais, não apresentavam ódios raciais e eram naturalmente propensos à confraternização étnica. Essa tese de um soft colonialism dos portugueses, constituía-se na justificativa teórica para creditar o país a conseguir assento nas Nações Unidas, fato que só ocorreu em 1955, em parte devido as hesitações do governo de Salazar em aceitar o princípio de autodeterminação dos povos impresso na Carta das Nações Unidas.
A reforma na constituição portuguesa, em 1951, ocorrida no mesmo ano em que Freyre foi convidado pelo então ministro do Ultramar Sarmento Rodrigues para viajar pelos domínios portugueses na África e na Ásia (Goa), simboliza um conjunto de manobras políticas e jurídicas, assessorado por uma intelligentsia pró-regime28, cujo escopo consistia em evitar as pressões e fiscalizações da ONU no tocante à questão colonial. O intuito seria demonstrar que “Portugal não possuía império colonial, mas Ultramar”29 Como afirma Claudia Castelo, fazia-se necessário, portanto, “munir os diplomatas portugueses de argumentos (supostamente) científicos capazes de legitimar a presença de Portugal em África e na Ásia.”30 As teses luso-tropicais serviram, por exemplo, como substrato do colonialismo reformista do ministro Adriano Moreira, que, em 1957, promoveu a revogação “Estatuto dos Indígenas”, fato que foi comemorado por Gilberto Freyre.31
A defesa da manutenção da dominação colonial sob um discurso de uma suposta democracia racial cujo lastro era uma comunidade lusotropical foi também alimentada pela promoção de escritos e publicações do autor de Casa-grande & senzala pelo governo lusitano. Nos anos 1960, as palestras de Freyre durante as comemorações do 5º Centenário da morte do Príncipe Henrique, foram publicadas na obra O Luso e o Trópico, a qual foi traduzida em outras línguas e distribuídas pelo Estado Novo para os diplomatas portugueses. Na França, a tradução recebeu o título Le Portugais et les tropiques.
Em linhas gerais, o luso-tropicalismo, nas palavras de Freyre, consistia em um estudo sistemático de “todo um conjunto ou de todo um complexo de adaptações do português aos trópicos e dos trópicos não ao jugo imperial, mas à especialíssima vocação transeuropeia, da gente portuguesa. Não só transeuropeia: especificamente tropical.”32
A apropriação do luso-tropicalismo pelo governo português não foi só acompanhada de apoiadores. Intelectuais contrários ao regime insurgiam-se contra a tese luso-tropical. Um exemplo é o filósofo e ensaísta português Eduardo Lourenço em seus artigos intitulados: “Brasil – Caução do Colonialismo Português” publicado no Portugal Livre, jornal de oposição ao salazarismo, editado por portugueses exilados em São Paulo entre 1958 e 1961, e A propósito de Freyre, o qual apareceu no suplemento de cultura e artes de O Comércio do Porto em 11 de julho de 1961.
É importante lembrar que, alguns anos antes, a crítica ao luso-tropicalismo foi protagonizada por um angolano, o poeta e escritor Mário Pinto de Andrade, que, conforme assinalado anteriormente, participou do Colóquio de Cerisy, realizado na França. Um ano antes, em 1955, publicou, na revista francesa Présence Africaine, o artigo: Qu’est-ce que le Luso-Tropicalisme? sob o pseudônimo de Buanga Fele.
Em seu texto, Andrade, que viria a tornar-se presidente do Movimento de Libertação de Angola-MPLA, nos anos 1960, faz severas críticas à tese luso-tropical do sociólogo brasileiro. O escritor angolano identifica as contradições do método empregado por Freyre para, a partir de então, desconstruir sua tese:
“C’est justement le refus d’envisager le fonctionement de l’appareil colonial comme étant au premier chef une emprise d’exploitation économique dirigée par un pouvoir politique,c’est ce refus-là, qui détermine la faiblesse de sa sociologie.”
“[…]Au fond, le métissage a été largement pratiqué au Brésil non pas en vertu de considérations morales ou d ´une vision politique mais en raison d ´une simple circonstance -le nombre très réduit de femmes blanches.”33
Andrade usa tabelas e dados estatísticos para comprovar que a propensão do português aos contatos inter-raciais, tão defendida por Freyre, não se se processou nos territórios da África portuguesa. Em Moçambique, por exemplo, de uma população de pouco mais de cinco milhões de pessoas, apenas 25 mil eram mestiços.34
No arquipélago de Cabo Verde, as ideias de Freyre foram, a princípio, bem recebidas entre as elites intelectuais que, nos anos 1930, criaram um movimento literário regionalista em torno da publicação da revista Claridade. O poeta Manuel Lopes afirmava que “no ensaio de sociologia e etnografia um livro portentoso exerceu grande influência entre os cabo-verdianos: Casa-grande & senzala de Gilberto Freyre*”35 Os textos sobre o autor, publicados na revista, longe de serem anticolonialistas, buscavam argumentos em Freyre que denotassem a especificidade de Cabo Verde no complexo colonial luso.
Contudo, nos anos 1950, a visita do sociólogo brasileiro ao arquipélago, patrocinada pelo governo português, decepcionou parte da intelectualidade cabo-verdiana. O poeta e escritor Baltazar Lopes, fundador do movimento Claridade e admirador de Casa-grande & senzala desde nos anos 1930, declarava, em um programa de rádio, sua desilusão com as críticas que Freyre fizera aos cabo-verdianos.
Lopes destacava as contradições entre o Gilberto Freyre, autor de uma obra que tanto inspirava sua geração a valorizar a mestiçagem, e o Freyre patrocinado pelo governo português. Em sua visita, o sociólogo brasileiro observou a presença massiva dos traços africanos na ilha de São Tiago, aspecto que, na opinião do autor, assemelhava-a à Martinica ou Trinidad. No entanto, para Freyre, esse traço proeminentemente africano revelava que a miscigenação em Cabo Verde não tinha logrado tal como acontecera no Brasil. Repugnava-lhe, por exemplo, o crioulo falado na ilha.
Para Lopes, essas afirmações eram uma decepção e uma contradição, pois o que se esperava ser um êxito, desta vez, aparecia para Freyre como uma falha, um problema. O autor de Casa-grande & senzala que, na opinião dos escritores da Claridade, tinha reabilitado a presença africana e mestiça, desta vez, ao contrário, ressentia-se da falta do elemento luso naquelas terras. Como resposta, Lopes afirmava, que “os cabo-verdianos não eram nem europeus, nem africanos, mas cabo-verdianos.”36
Em resposta à Freyre, o romancista Gabriel Mariano, o qual escrevera alguns textos sobre o brasileiro, também reforçava a tese de que o mestiço era o personagem central e ativo do complexo luso-tropical: “foram os negros e os mulatos os responsáveis diretos na estruturação da sociedade.”37
Na Guiné, o historiador e oficial da Marinha, Teixeira da Mota, destacava que o luso-tropicalismo não podia ser « levianamente aplicado ao caso da Guiné »38. Assim como o fizera Mario Pinto de Andrade em seu artigo na Présence Africaine, Mota invalidava a tese de uma mestiçagem e/ou miscigenação bem-sucedida nos trópicos ao lembrar, em números, que a população assimilada na Guiné era mínima e “só um quarto dela era constituída por brancos”.
Em tempos de lutas de libertação na África lusófona o luso-tropicalismo não era bem-recebido por lideranças africanas que viam as ideias de Freyre como uma ideologia perpetuadora do domínio colonial português.39 Amílcar Cabral, um dos pais da independência da Guiné- Bissau e de Cabo Verde, escrevia, em 1969, que o luso-tropicalismo era o mito a partir a partir do qual se concluía erroneamente que “os nossos povos viviam no melhor dos mundos, que éramos portugueses de cor muito felizes.”40
A partir da segunda metade dos anos 1960, o luso-tropicalismo passou a declinar não apenas em razão das lutas anticoloniais, mas por meio de refutações de ordens metodológica e científica. O historiador britânico Charles Boxer, em suas conferências publicadas no início dos anos 1960, argumentava que “as relações raciais no império colonial português não apresentaram, invariavelmente, o quadro de integração harmoniosa que o lusotropicalismo fazia supor.”41.
Dessa forma, outros especialistas como o brasileiro Alberto Guerreiro Ramos que, em fins dos anos 1950, publicou um artigo crítico ao luso-tropicalismo nas páginas da revista francesa Arguments, e o já mencionado Mário Pinto de Andrade, para não citar outros, demonstravam que a tese luso-tropical não era válida para explicar as complexas relações raciais desenvolvidas em territórios de colonização portuguesa. Como reação indireta a essas observações, Freyre escreve um artigo, em 1966, no qual desloca o conceito de mestiçagem biológica para o de interpenetração cultural.42
Da mesma forma no caso brasileiro, o enfraquecimento do pensamento de Gilberto Freyre no âmbito das discussões sobre as relações raciais, bem como o cenário da Guerra Fria e, em particular, pós-1964 no Brasil, levou intelectuais a refutarem e a considerarem como um mito a polêmica tese de uma democracia racial no país.43
As diferentes apreciações da obra de Gilberto Freyre no plano internacional são indícios das adaptações e apropriações destas ideias à diferentes horizontes de expectativa dos seus leitores: no âmbito da geopolítica, dos costumes e da ciência. Desse modo, a capacidade plástica da obra de Freyre, na fronteira entre a literatura, a sociologia e a história, possibilitou a realização de leituras plurais e agenciamentos de ideias em temporalidades e espaços distintos, elevando Freyre à categoria de um dos autores brasileiros mais traduzidos e discutidos no exterior. O cenário político do período entreguerras e a bipolarização posterior da Guerra Fria, bem como as mudanças epistemológicas geradas nesses contextos, propiciaram um terreno fértil para que as questões abordadas em uma obra que de dedicou abordar o passado colonial escravocrata no Brasil, pudessem circular em espaços atlânticos e recebida por interlocutores das mais diferentes orientações intelectuais e políticas.
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No artigo “Casa Grande & Senzala, a questão racial e o ‘colonialismo esclarecido’ na França do Pós-Segunda Guerra Mundial”, discuto o termo coloniaismo esclarecido.
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